segunda-feira, 14 de junho de 2010

MITOS E VERDADES SOBRE ALIMENTAÇÃO INFANTIL


Jantar muito tarde provoca sono agitado nas crianças?
A chance de isso acontecer é grande, principalmente se a refeição for rica em gordura, que leva mais tempo para ser digerida, e a criança for para a cama logo depois de comer. Durante o sono, o organismo funciona mais lentamente e isso inclui a digestão. O estômago, então, fica mais pesado e chega a incomodar. “Já uma refeição com baixo teor de gordura leva pelo menos duas horas para ser digerida”, afirma Ary Lopes Cardoso, do Instituto da Criança do Hospital das Clínicas, em São Paulo. “Após esse período a criança pode se deitar tranqüilamente”, completa o médico.
É melhor o bebê comer frutas com ou sem casca?
“O mais indicado é consumi-las com casca, quando possível, porque ela é uma ótima fonte de fibras”, garante Fábio Ancona Lopes, especialista em alimentação infantil da Unifesp. Mas enfatiza: as frutas devem ser muito bem lavadas em água corrente e com a ajuda de uma escovinha, para que fiquem livres de resíduos de agrotóxicos, substâncias extremamente prejudiciais.
É verdade que alimentos crus e duros ajudam a desenvolver a musculatura infantil?
“Sim, eles estimulam a mastigação, fortalecendo os músculos da boca e facilitando a fala”, diz Renata Cocco, pediatra da Unifesp. Quando introduzir a sopa na dieta do bebê, em vez de bater os ingredientes no liquidificador, experimente passá-los na peneira. Depois que seu filho estiver mais crescido, amasse os alimentos com um garfo para que possam ser mastigados. E, assim que alguns dentes tiverem nascido, ofereça alimentos crus, como a cenoura e a maçã, em pequenos pedaços — esta última dica, aliás, vale para a alimentação do resto da infância e da adolescência.
O leite de soja pode substituir o de vaca?
“Sim, se o problema for intolerância à lactose”, explica Renata Cocco. “Se não, o de vaca é melhor, porque tem mais cálcio.” É bom saber, ainda, que um grupo de proteínas do leite de vaca, as caseínas, pode provocar reações como urticária. Por isso, em caso de dúvida, consulte o pediatra. Só ele pode recomendar o tipo de leite mais adequado para a alimentação do seu filho.

OBESIDADE INFANTIL

O docinho consumido na hora do recreio, a bolachinha de depois do almoço e o salgadinho do final de tarde, aliados ao sedentarismo, estão fazendo com que cada vez mais jovens se tornem obesos em todo o mundo. Confira a seguir as causas e conseqüências desse grave problema e também o que está sendo feito para combatê-lo.
Em tempos em que os principais meios de diversão de crianças e adolescentes são o computador e o videogame, um problema cresce de forma cada vez mais rápida: a obesidade infantil. Em um recente levantamento, a Organização Mundial da Saúde (OMS) detectou índices





 preocupantes: 155 milhões de jovens apresentam excesso de peso em todo o mundo, ou seja, uma em cada dez crianças é obesa. Só no Brasil, a obesidade cresceu aproximadamente 240% nos últimos 20 anos. De acordo com a Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia, o país apresenta 6,7 milhões de crianças com esse problema. Segundo dados da Sociedade Brasileira de Pediatria, nos últimos 30 anos o índice de crianças obesas passou de 3% para 15% no país.

Como conseqüência desses fatores, surgem os problemas de saúde. De acordo com a nutricionista e professora do Centro de Atendimento e Apoio ao Adolescente (entidade que integra o Departamento de Pediatria da Universidade Federal de São Paulo), Isa de Pádua Cintra, há alguns anos não se poderia imaginar que uma pessoa com 9 ou 10 anos de idade pudesse ter grandes probabilidades de sofrer infarte, derrame ou apresentar diabete do tipo 2, problemas comuns em adultos. Com os crescentes índices de obesidade infantil, essas e outras enfermidades — como hipertensão, aumento da pressão arterial, distúrbios hormonais, alterações na postura e colesterol alto — passaram a fazer parte do cotidiano dos jovens com excesso de peso.Segundo a nutricionista Sheyla Santos Quelle Alonso, existem vários fatores que são determinantes no processo que leva à obesidade. Um dos principais é o sedentarismo. “Atualmente, a maioria das atividades de lazer das crianças não envolve exercício físico, ou seja, elas muitas vezes se distraem no computador, na televisão e no videogame. Antigamente, as crianças jogavam bola e soltavam pipa muito mais do que hoje em dia. Essa inatividade aumenta, e bastante, as chances de elas virem a ganhar peso”, garante a médica, que destaca também o baixo valor nutricional dos alimentos consumidos pelas crianças como outro fator que contribui para agravar o problema. “Hoje as indústrias fabricam muitas guloseimas e alimentos ricos em gorduras, opções que atraem as crianças. Isso, somado ao fato de os pais não controlarem muito a alimentação dos filhos, acaba levando à obesidade”, afirma.

Lanche Escolar Ideal

Segundo a Organização Mundial de Saúde, uma dieta saudável passa por cinco pontos: amamentar o bebê durante os seis primeiros meses de vida, comer alimentos variados, ingerir muitos vegetais e frutas, moderar na quantidade de gorduras e óleos e evitar sal e açúcar. Parece fácil, mas estes hábitos devem ser desenvolvidos desde a infância – de preferência, começando pelo que seu filho leva na lancheira.
O lanche escolar é uma refeição intermediária, que serve para dar energia à criança entre duas refeições principais. O ideal é que ele contenha uma porção de carboidratos, para fornecer energia; uma porção de lácteos, que tem proteínas; uma porção de frutas ou legumes, responsáveis pelas vitaminas, fibras e minerais; e uma bebida, para hidratação.
Do outro lado, pães brancosrefrigerantessalgadinhos – especialmente os fritos – e confeitosdesequilibram a balança. Apesar de fornecerem energia, estes alimentos contêm pouco além das chamadas “calorias vazias”. “Nutricionalmente, eles são só sal e gordura”, alerta a nutricionista Rosana Perim, do Hospital do Coração, em São Paulo.
É claro que a maioria das crianças prefere abrir a lancheira e encontrar batatinhas fritas, chocolate e refrigerante. Já os pais gostariam que elas comessem um bolo integral, uma fruta e um suco. Para equilibrar essa equação, a nutricionista e consultora Cynthia Striebel, que há 14 anos desenvolve um projeto de educação alimentar escolar em Porto Alegre, sugere a negociação. “Seu filho quer levar algo não muito nutritivo? Eventualmente, isso não é um problema. Negocie com ele um dia da semana para este lanche e, nos outros dias, as frutas, cereais e o leite”, exemplifica.
Rosana Perim concorda. “Não precisa proibir o chocolate. Basta saber equilibrar”, diz ela. Outra dica é incluir as crianças no processo de comprar e preparar o lanche. Vale levá-las ao mercado ou à feira, explicar porque você escolhe aqueles alimentos e como aquilo vai fazer bem a elas.